Ana tinha um dom que nenhum diploma poderia ensinar – ela cultivava pessoas. Como uma jardineira paciente, sabia exatamente quando alguém precisava de sol ou de sombra, de água ou de espaço. Os estudiosos do comportamento humano há muito reconhecem que a empatia genuína é uma das habilidades mais raras e valiosas em nossa sociedade.
Em nossas reuniões caóticas de segunda-feira, ela era como um tradutor universal de emoções. Onde outros viam conflito, ela enxergava mal-entendidos esperando para serem resolvidos. Seu escritório, embora modesto, era um porto seguro para almas inquietas – um fenômeno que os psicólogos modernos chamam de “ambiente contenedor”.
Mas sua maior força carregava também sua maior vulnerabilidade. Como aqueles que dedicam sua vida a cuidar de jardins, às vezes ela esquecia de cuidar do próprio canteiro. O preço de carregar os fardos alheios nem sempre é visível imediatamente.
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